Atolado e Sem Socorro
Saindo das Sombras da Depressão
Eu estava voltando para casa. Haviam acabado de colocar um pedágio no caminho costumeiro, mas havia ainda uma estrada de terra que percorria um caminho paralelo, terminando a duas quadras atrás da minha casa.
Ao longo daquela semana havia chovido algumas vezes e naquele mesmo dia havia chovido um pouco. Embora fosse uma estrada de terra, aquela era uma estrada plana e sem trechos onde se esperasse ter problemas. Era um caminho conhecido, e não pensei duas vezes para escolher esse trajeto para voltar.
Foi assim que, faltando pouco para chegar em casa, deparei-me com uma grande poça de água, muito larga, de forma que seria menos arriscado passar por dentro dela do que pelo lado, onde o carro poderia ficar muito inclinado e ter maiores dificuldades. Eu já havia passado por situações parecidas em diversas ocasiões e tudo havia terminado bem. Então, embora apreensivo com o que tinha diante de mim, engatei a primeira marcha no carro, acelerei bem o motor, controlando a velocidade por meio da embreagem, e entrei naquela lagoa, esperando chegar ao outro lado sem maiores transtornos.
Nem sempre as coisas correm como pensamos ou como prevemos. Havia uma pequena “surpresinha” no meio daquela lagoa e o veículo caiu em um buraco mais fundo, chegando a bater a frente em algo enquanto a água chegou quase à altura do vidro da porta. O motor parou de imediato, enquanto a água chegou quase à altura do capô; e então eu descobri que estava com sérios problemas.
Nesse mesmo momento eu vi pelo espelho retrovisor que havia um trator na mesma estrada, há uns 300 ou 400 metros de distância, vindo naquela direção. Imediatamente pensei: Acho que a solução está a caminho porque, em casos assim, só mesmo um trator para puxar o carro de tal lugar. Mas qual não foi o meu desapontamento quando, em vez de me socorrer, o motorista do trator parou ainda longe, olhou para onde eu estava mergulhado naquela água cheia de barro, fez meia volta e preferiu não se envolver e procurar outro caminho.
Esse foi um fato real, mas que tem um paralelo na vida de incontáveis pessoas: Quando estamos “no buraco”, talvez gritando por socorro, às vezes as pessoas que estão mais perto são as primeiras que se afastam e preferem não se envolver. Não sei o que dói mais, se o sofrimento por causa da queda ou a amargura de ver a insensibilidade das pessoas ao nosso redor; mas esse tipo de coisa não é uma raridade neste nosso mundo cruel.
Sei que você deve estar querendo saber como termina a história da minha queda naquele buraco cheio de água; mas essa parte você vai ficar sabendo depois. Por hora, o que importa é que você saiba que a história não terminou lá, naquele buraco. Assim também, quando as aflições e os piores momentos da vida chegam, não permita que as circunstâncias destruam a sua esperança ou façam com que você acredite que ali vai ser o fim de tudo.
Todos nós passamos por momentos de sofrimento, de angústia e até de desespero. Muitos de nós passamos por algo mais, algo que vai além de uma poça d’água de tristeza passageira, um buraco profundo, assustador e que, muitas vezes, parece ser um lugar de onde não há como escapar, um buraco lamacento e angustiante chamado depressão.
Talvez você conheça alguém que já enfrentou a depressão ou que a está enfrentando atualmente. Talvez eu esteja falando, através destas páginas, com alguém que está sofrendo por causa da depressão. Seja qual for o caso, é importante que você saiba de duas coisas:
A primeira coisa é que a depressão não é algo depreciativo ou que diminui o valor de uma pessoa. Incontáveis milhões de pessoas, incluindo grandes nomes da história humana, já passaram pelo poço lamacento da depressão, incluindo a pessoa que escreveu as palavras que você está lendo.
A segunda coisa é que, por pior que seja a situação quando estamos dentro de um poço de depressão, no meio de um lamaçal de amargura, sem ver de onde virá o socorro ou qual pode ser a solução para o nosso sofrimento, esse não é o fim de tudo. E não se atreva a dizer que eu digo isso porque não sei o tamanho da aflição que você pode estar passando, mesmo porque você também desconhece a profundidade do fundo de poço no qual estive.
Como foi que aquele carro saiu daquela vala cheia de água suja e como a vida deste que está escrevendo estas palavras ficou livre da atrocidade da depressão é o que pretendo compartilhar com você ao longo dos próximos capítulos.
A depressão não pode ser resolvida num passe de mágica ou com uma receita milagrosa. A luta pode ser grande e até mesmo longa, mas a vitória é possível. Enquanto a batalha prossegue, guarde com você uma palavra que pode servir de auxílio enquanto a resposta não chega: esperança. E enquanto esperamos, lembremo-nos de uma frase dita pelo próprio SENHOR JESUS, Alguém que sofreu mais do que todos nós e que tem todo o direito de aconselhar alguém que sofre. Ele afirmou que “os que choram... serão consolados”. Mateus 5:4 – e se foi Ele quem disse isso, precisamos acreditar. Acredite!
Texto extraído do livro |
![]() |
![]() ![]() |